Lançamento de livro sobre mapeamento dos terreiros da Grande Florianópolis no Templo Ecumênico no último sábado, 16 de setembro
Convênio entre UFSC e IPHAN resultou no livro “Territórios do Axé: religiões de matriz africana em Florianópolis e municípios vizinhos”, organizado pelo NUER – Núcleo de Estudos de Identidades e Relações Interétnicas. O livro foi entregue às lideranças religiosas presentes e demais autoridades, e deverá ser encaminhado também às instituições catarinenses diretamente envolvidas com as religiões afro-brasileiras.
Em breve um PDF do livro estará disponível no site http://kadila.net.br/territorios-do-axe/
O Projeto Territórios do Axé: religiões de matriz africana em Florianópolis e Municípios Vizinhos, realizado pelo (NUER) foi coordenado pela professora do Departamento de Antropologia, Dra. Ilka Boaventura Leite, e contou com uma equipe de mais de 40 pessoas, entre professores de diversos departamentos, estudantes de pós-graduação e graduação, militantes afro-religiosos e principalmente o povo de santo.
O livro contém o levantamento das religiões de matriz africana realizada em Florianópolis, São José, Biguaçu e Palhoça. Tal publicação contem também um levantamento das principais modalidades de práticas religiosas, a história da formação das casas religiosas, um perfil das lideranças e demais informações que ressaltam a importância do patrimônio material e imaterial dessas instituições.
A pesquisa vem romper com o enorme silêncio que paira sobre as religiões de matriz africana em Florianópolis e seus arredores. Tal projeto procurou enfatizar por um lado, a presença efetiva dessas manifestações religiosas, a diversidade e a riqueza do seu patrimônio cultural; por outro, revelou a persistência da discriminação, do preconceito e do racismo, que, de várias formas, impedem o efetivo reconhecimento destas religiões como um dos direitos inscritos na Constituição Brasileira.
Durante o seminário aconteceu uma cerimônia religiosa de abertura para saudar esse importante momento e conquista para a comunidade de santo da cidade. Após a manifestação das autoridades presentes, a equipe fez uma breve apresentação dos resultados do projeto e cada casa recebeu uma cópia do livro contendo o relatório final do trabalho realizado.
III Seminário Religiosidades Afro-brasileiras
FUNZANA: Posso tocar no seu cabelo? Entre o “liso” e o “crespo”: transição capilar, uma (re)construção identitária?
O Brasil é quilombola, nenhum quilombo a menos!
Em agosto, o futuro de milhões de quilombolas será decidido no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2004, o Partido Democratas (DEM) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no STF, questionando o decreto 4887/2003 que regulamenta a titulação das terras dos quilombos. O julgamento se estende desde 2012 e será retomado no dia 16 de agosto.
Todos os títulos de quilombos no país podem ser anulados. O futuro das comunidades está em perigo. Novas titulações não serão possíveis sem o decreto. Mais de 6 mil comunidades ainda aguardam o reconhecimento de seu direito.
As comunidades quilombolas são parte da nossa história, do nosso presente e também do nosso futuro.
Assine a petição e diga ao STF que não aceite a ação do Partido Democratas! Junte-se à luta dos quilombolas pelo seu direito constitucional à terra.
O Brasil é quilombola! Nenhum quilombo a menos!
Cais do Valongo é o útero do país
“Quase ninguém parece ter entendido ainda a exata dimensão da importância do Cais do Valongo, agora finalmente declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Desde descoberto, não é exagero dizer que o Cais do Valongo passa a ser o lugar mais importante do Brasil.
Quantos teóricos quiseram e querem entender, até hoje, por que nosso país “não dá certo”? Quantos artigos, quantas palavras gastas para tentar entender a violência de nosso cotidiano, a corrupção em nossa cultura?
Todas as respostas estão no Cais do Valongo. Na frase do antropólogo Milton Guran: “O maior porto escravagista da história da humanidade.” Um milhão de pessoas, trazidas da África para cá, entre 1811 e 1843. Proporcionalmente, comparando com os índices demográficos daquela época e hoje, um número atualizado de 12 milhões. Os que já chegavam mortos eram enterrados de qualquer jeito ali mesmo; um enterro sanitário no chamado “Cemitério dos Pretos Novos”.
O maior porto escravagista da história da humanidade fica no Brasil. Isso explica desde o superfaturamento em obras aos assassinatos de posseiros no Pará. Desde a chacina do Carandiru ao apoio da classe média ao regime militar e a recente popularidade do conservadorismo. O maior porto escravagista da história da humanidade fica no Brasil.
A tragédia humanitária do Cais do Valongo também explica, num piscar, outro “insolúvel mistério” que tem exigido ginástica de nossos intelectuais. O de sermos “o país da impunidade”. Em Berlim, turistas fazem fotos ao lado do Memorial do Holocausto. A imensa maioria dos nazistas foi identificada e punida. E o povo alemão morre de vergonha de seu passado.
E os responsáveis pelo holocausto brasileiro? Onde estão? No Jockey Club, aplaudindo o cavalo vencedor no Grande Prêmio Brasil? Superfaturando obras no metrô? Lucrando com religiões que cobram dízimo? (A Igreja Católica, espécie de Igreja Evangélica do século XIX, foi condescendente com toda a escravidão no Brasil.) Orgulhando o país, por sua fortuna, espírito empreendedor e determinação em acabar com cracolândias a qualquer custo, nem que seja em enterros sanitários?
E as vítimas (e seus descendentes) do holocausto brasileiro? Onde estão? Lutando por cotas em universidades? Batalhando vaga de titular na seleção de futebol? Vendendo bala no trânsito? Fazendo bico de avião do tráfico? Tendo seus cinco minutos de fama durante a transmissão do desfile das escolas de samba? Apodrecendo em cadeias superlotadas? Nas madrugadas pelo Brasil, fumando crack em lugares como o próprio Cais do Valongo, como já flagrado pelas câmeras de TV?
Sendo aleijadas por balas perdidas dentro do útero da própria mãe?
Onde estão os “pretos novos”?
O Cais do Valongo é a resposta. Para tudo. Até para a também indecifrável apatia de nosso povo. E, por isso, deveria imediatamente transformar-se no epicentro do país. Congresso Nacional, Palácio do Planalto, tudo deveria mudar-se para o entorno do cais. O Valongo deveria se transformar um lugar de reflexão, até porque, por ser também nosso mais fiel espelho, nos reflete. O Valongo deveria transformar-se na nossa Mesquita de Al-Aqsa, no nosso Muro das Lamentações, no nosso Stonehenge. Nossa Acrópole. Nossa Persépolis. Nosso Memorial da Paz de Hiroshima. Nosso Ground Zero.
O Cais do Valongo é a resposta para tudo porque é onde nosso país foi gestado. É onde nosso umbigo está conectado. O Cais do Valongo é o útero do Brasil. Um útero de pedra, sangue e rotina.”
Por Dodô Azevedo
FUNZANA – Seminário de Pesquisa do NUER junho 2017 Santa Afro Catarina: História, Memória e Patrimônio com Beatriz Mamigonian
II Seminário Religiosidades AfroBrasileiras
I Seminário Religiosidades Afro-Brasileiras
Seminário Kadila – 25 de Maio
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